[The GrandFounder #92] Mantenha a casa em ordem
Governança corporativa também serve (e muito) para startups, o que as startups podem esperar do cenário macroeconômico, e mais: os lançamentos da Apple e os cheques da N5 Now, Fretadão e Nagro.
Olá founders!
No tema de Vida de Founder de hoje eu compartilho dicas sobre governança corporativa, assunto que cedo ou tarde (sem dúvida nenhuma) acabam exigindo atenção dos founders. Aprendi a dar a devida importância antes de se tornar uma necessidade, e isso trouxe muitos benefícios ao longo da minha jornada.
E mais: o momento da macroeconomia brasileira e os impactos nas próximas safras de startups, os lançamentos da Apple, e os cheques da N5 Now, Fretadão e Nagro.
Governança corporativa também serve (e muito) para startups
— 🎩 Um conteúdo da minha série autoral sobre a Vida de Founder - do ZERO ao EXIT.
Vamos falar sobre governança? Um assunto que não é muito comum na lista de preocupações dos founders de startups, mas que pode ser determinante para o sucesso (ou não) de uma empresa.
Eu sei bem que nos dias iniciais de uma startup todo o foco está em fazer o negócio deslanchar. E não deveria ser diferente… porém, tem algumas coisas que podem ser feitas desde o começo para evitar maiores complicações à frente.
Governança corporativa é o conjunto de regras, processos e práticas que regem a gestão de uma empresa. Ela tem como objetivo garantir uma gestão correta, transparente e a eficiência na tomada de decisões, bem como a proteção dos interesses de todos os stakeholders, sejam eles investidores, clientes, time e fornecedores.
A meu ver, para uma startup a governança tem ainda mais peso, dado o cenário de crescimento e as constantes mudanças. Quanto mais robusta for a governança, melhor a startup estará para lidar com esses desafios.
Digo isso por experiência própria. Na Hiper, nós viramos a chave quando a empresa tinha pouco mais de 3 anos. Foi aí que muitas práticas foram revistas, e passamos a levar a governança a sério.
E não tem nada de muito complexo, não. Requer mais disciplina do que sofisticação. Vou deixar algumas dicas a seguir:
Esqueletos no armário: o primeiro passo para implantar uma boa governança corporativa é identificar os "esqueletos no armário", ou seja, tudo aquilo que está sendo feito de um jeito que representa riscos e pode gerar eventuais problemas. Sempre tem o que acertar, vá por mim.
Elabore e assine um acordo de sócios: a acordo de sócios é um documento que define as regras de governança da empresa, detalhando aspectos como as regras de tomada de decisão, a divisão de lucros, obrigações, garantias, etc.
Faça auditoria anualmente: a auditoria é uma avaliação das demonstrações financeiras, tributárias, trabalhistas, que ajuda a identificar erros, garantir a confiabilidade das informações e diminuir as chances de fraudes. Aposto que você vai identificar coisas a acertar a cada nova rodada. E o melhor, você arruma a casa de tempos em tempos.
Implemente processos e procedimentos de gestão: com processos e procedimentos bem definidos em todas as áreas da empresa, você consegue ter mais segurança de que as coisas serão feitas da forma correta. Criar uma área de controladoria ajuda muito nisso.
Comece com o básico. Não tente implementar tudo de uma só vez, mas comece. Dê prioridade para o que julgar mais importante e vá adicionando novas práticas à medida que a empresa cresce.
Todo investimento em governança tem payback garantido. Vale lembrar de um mantra para a gestão: “não existe jeito certo para fazer a coisa errada”.
Ventos favoráveis
Este artigo do Romero Rodrigues traz uma leitura bastante sóbria sobre o momento da macroeconomia no país e faz boas conexões com as razões pelas quais isso é relevante para as startups.
Alguns destaques sobre o cenário macro:
A redução da nossa taxa básica de juros (Selic) acontece num momento onde o resto do mundo ainda caminha em um bom nível de tensão.
Ainda sobre a Selic, tudo indica que estamos num momento de recuperação da economia e do controle da inflação.
A Reforma Tributária foi aprovada pela Câmara dos Deputados e caminha para aprovação no Senado. Um marco relevante.
O Brasil teve sua nota de crédito elevada pela Fitch (que rebaixou a dos EUA), sinalizando otimismo quanto ao desempenho das reformas dos últimos anos e do arcabouço fiscal.
Embora boa parte dos founders não costuma dar a devida importância para a macroeconomia, recomendo prestar atenção no momento atual.
Com bons ventos soprando para uma melhora do cenário econômico, o terreno para quem empreende fica mais favorável, por algumas razões: o dinheiro gira mais, aumenta o apetite por investimentos de maior risco, reduz o custo de capital. Lembrando que durante o hiato que tivemos nos investimentos em startups, muitos fundos estão com os cofres cheios para voltar a investir.
Nada disso significa certeza de sucesso, mas a onda está em formação… bons empreendedores saberão surfar.
Por falar em bons empreendedores
Nos últimos anos, passamos por um período de bonança no venture capital, com aportes robustos (e constantes) em negócios com fundamentos fracos.
Isso atraiu muita gente para empreender novas startups com um objetivo em mente: captar investimento a valuations altos. Como se isso significasse sucesso!
Quando o “inverno das startups” chegou e os investimentos tornaram-se mais escassos, vimos muitos valuations derreterem… Para infelicidade geral de quem decidiu empreender pelos motivos errados.
Se estivermos de fato vivendo um ponto de inflexão, minha aposta vai na mesma linha do que o Romero Rodrigues e o Marcio Zarzur falaram recentemente. Teremos uma safra de startups em 2024 que será especial.
Explico:
Veremos startups criadas com o objetivo de resolver problemas relevantes (e resolvê-los de verdade).
Modelos de negócio que geram crescimento sustentável.
Investimentos mais racionais vão exigir mais estratégia e operações mais eficientes.
Por último, mas tão importante: empreendedores puro sangue, que decidiram empreender por terem enxergado boas oportunidades.
Será que estamos diante de um momento tão fértil para as startups quanto foi o início da década passada? Aquela safra foi especial…
De olho no mercado
🍏 Os lançamentos da Apple | No seu tradicional evento de setembro, a Apple lançou o iPhone 15 (em diversas versões), os novos Apple Watch Series 9 e Ultra 2 e firmou um grandioso compromisso para tornar todos os produtos neutros em carbono até 2030.
💲 N5 Now capta primeira rodada | A startup de soluções para o mercado financeiro, que tinha fama de ser avessa à captação de investimentos, anunciou rodada (sem revelar o montante) com nomes de peso como Illuminate Financial, Exor Ventures, Madrone Capital Partners, LTS Investments, Arpex Capital e Overboost.
🚌 Fretadão levanta R$ 50 milhões | A startup de gestão de mobilidade corporativa anunciou aporte liderado pela EXT Capital. Os recursos serão destinados à compra de ônibus, micro-ônibus e vans para serem alugados por parceiros operadores.
🥗 Nagro capta R$ 40 milhões | A startup Nagro atraiu Kinea Ventures (CVC do Itaú) e Revolution em captação de série A estimada em algo próximo a R$ 40 milhões, totalizando R$ 245 milhões em captações ao longo de 2023.
"Governança corporativa responde pela diferença entre uma empresa que dura 100 anos e uma empresa que dura 100 dias."
— Um sábio por aí…
Obrigado pela leitura desta edição de The GrandFounder. Conto com você para compartilhar com a sua rede. Custa zero, mas vale muito! 😎
Abração!
👉🏼 Saiba mais sobre o meu livro aqui.