[The GrandFounder #103] Uma startup para ser comprada
Como construir uma startup para ser comprada, não vendida. Os grandes aportes estão de volta? Os eventos de 2024, e mais: Google for Startups, Kobana, Livance, Destaxa, Omelete + Chippu.
Olá founders!
Na semana passada eu iniciei uma sequência de conteúdos sobre fusões e aquisições (M&A) para startups. Se você não acompanhou, leia aqui. Hoje, em Vida de Founder, darei continuidade, entrando num tópico que facilmente seduz os founders já no começo de suas jornadas: a ansiedade de fazer um negócio para ser adquirido. Entenda como evitar essas armadilhas e construir, de fato, um negócio que pode ser adquirido no futuro.
Em mais: os grandes aportes estão de volta? Os eventos de tecnologia e inovação de 2024, Omelete + Chippu e os aportes da Google for Startups, Kobana, Livance, Destaxa.
M&A: Como construir uma saída estratégica para sua startup
— 🎩 Um conteúdo da minha série autoral: Vida de Founder.
Nestes meus anos empreendendo eu convivi com muitos perfis de empreendedores, daqueles que estavam empreendendo suas startups, aos do mercado mais tradicional. Na jornada da Hiper eu conheci muitos varejistas de pequeno porte, em todos os cantos do país e posso concluir, empreender tem muitos motivadores.
Uma coisa que é unânime, para ambos os perfis, é o instinto que move essas pessoas: no fundo, está todo mundo buscando ser feliz. Acima, inclusive, do quanto de grana pode se fazer com a empresa. Tem gente faturando R$ 40k mês e está super realizada, e tem gente que só se sente vencedora por estar faturando dezenas de milhões.
No caso das startups, muitas delas são criadas com o objetivo de serem adquiridas por grandes empresas. Muitos founders veem isso como o triunfo das suas jornadas.
A ideia que eu quero compartilhar aqui tem a ver com o plano para se chegar nesse objetivo. Como construir uma empresa que seja valorizada e que possa ser vendida por um bom preço?
Pode soar controverso (e quase sempre é no controverso que moram os grandes feitos), mas o foco deve ser sempre em construir uma empresa para ser comprada, não vendida. Tem uma diferença enorme entre esses dois casos.
A venda estratégica (M&A) não deve ser o objetivo principal de uma startup. O foco deve ser a construção de uma empresa sólida, sustentável financeiramente, que tenha um produto ou serviço diferenciado/inovador e que atenda a uma necessidade real do mercado.
Se olharmos para uma saída estratégica muito cedo, corremos o risco de cair na tentação de tomar decisões que sejam boas para a venda, mas não necessariamente para criar um negócio robusto (e valioso).
Eu já fui conselheiro de uma startup onde o pensamento de M&A era constantemente colocado sobre a mesa, mesmo estando num estágio ainda imaturo de crescimento. Isso fazia com que as decisões tinham um certo viés.
Paciência é fundamental, pois normalmente o que gera valor para um negócio leva um certo tempo para se construir: receita robusta, margens saudáveis, marca reconhecida, relacionamento com o mercado comprador.
Deixo aqui, como conclusão, algumas lições aprendidas e recomendações de grande importância para você, que planeja um dia vender sua startup:
Cuide das margens unitárias do seu negócio, isto é, quanto você gera de retorno para cada cliente atendido.
Preocupe-se em ser uma empresa lucrativa, as melhores transações de M&A partem disso.
Mantenha a contabilidade em dia, com todas as peças contábeis em mãos.
Faça uma auditoria anualmente, contrate uma boa assessoria para isso.
Fuja dos tentadores “gols de mão” como contratar funcionários PJ ou fazer malabarismos tributários.
Assine contratos para formalizar suas relações com clientes, fornecedores, parceiros, funcionários, etc.
Desenvolva relações com potenciais compradores bem antes de estar maduro para vender a empresa.
Dê atenção para a sua marca, propriedade intelectual e sua reputação. O que os clientes pensam sobre, e como eles enxergam a empresa tem grande peso.
Por fim, não se esqueça disso: construa uma empresa para ser comprada, não para ser vendida. Empresas com fundamentos fortes são o filé mignon do M&A.
💵 Grandes aportes de volta, mas sem euforia
Estamos todos querendo ver o fim do ciclo de escassez nos investimentos em startups, período que recebe o infame apelido de “inverno das startups”. Fase dura de verdade, que afetou tanto os investimentos menores (early stage) como os cheques que impressionavam nas startups mais “maduras”… algumas nem tanto ✌🏼.
Sinais de melhora já são bem-vistos e, os otimistas (como eu) gostam de acreditar que estamos entrando num novo momento. O fato é que estamos vendo rodadas maiores acontecendo e, segundo o levantamento da Distrito, de julho a outubro deste ano foram injetados mais de US$ 651 milhões em rodadas de série B em diante, número 50% maior que o primeiro semestre.
Recomendo assistir a esse vídeo, da Neofeed e CNN.
Para lembrarmos, vimos aportes como os abaixo neste semestre:
QI Tech: US$ 200 milhões
Gympass: R$ 85 milhões
Nomad: US$ 61 milhões
Digibee: US$ 60 milhões
Logcomex: US$ 32 milhões
Não que tenha ficado simples captar cheques desta magnitude, o nível de ansiedade em direcionar o dinheiro dos fundos baixou e o rigor nas diligências têm sido maior. Novos tempos…
🎤 Eventos de inovação para 2024
Sim, já estamos falando dos planos para o ano que vem…
O portal Startups elaborou uma curadoria com 15 eventos de peso que já estão confirmados para o ano que vem, para quem é do mundo da tecnologia e inovação. Conheça a lista aqui.
Vale a pena conferir. Eu estou pensando seriamente em conhecer o South by Southwest (SWSW) no Texas. Um desejo antigo.
Aportes, fusões e aquisições
💸 Kobana, fintech que integra o financeiro das empresas com os bancos, levanta US$ 200k com a BRQ Digital.
🥼 Livance, healthtech que fornece infraestrutura completa para profissionais da saúde, capta R$ 65 milhões, numa rodada liderada pela Monashees, com participação da Cadonau Investimentos e Terracota Ventures.
🤵🏾♂️Google for Startups anuncia 10 selecionadas para investimentos do Black Founders Fund, chegando a 66 empresas de empreendedores negros no portfólio.
💳 Destaxa, fintech de meios de pagamento e gestão de recebíveis, capta R$ 30 milhões com a Astella, em rodada conjunta com Quona Capital, Supera Capital, Caravela Capital e Endeavor ScaleUp Ventures.
🍳 Omelete Company adquire a Chippu, plataforma de curadoria de conteúdo de streaming, com mais de 1,5 milhão de usuários ativos. A transação não teve seu valor revelado.
E por hoje é isso, fechando mais uma edição de The GrandFounder.
Só para não deixar de constar, fica aqui meu pedido: compartilhe. Custa zero, mas vale muito! 😎
Abração!
👉🏼 Saiba mais sobre o meu livro aqui.