[The GrandFounder #75] Não seja um líder GPS
O perfil de liderança que faz bem o seu papel (e o time agradece), as tais sinergias numa transação de M&A, os aportes em startups em abril e uma visão interessante sobre AI e o futuro dos softwares.
Seja uma bússola na liderança (não um GPS)
— 🎩 Um conteúdo da minha série autoral sobre a vida de founder: Do ZERO ao EXIT.
Liderar é conseguir gerar resultados a partir da junção de muitas mãos, mentes e corações.
Num belo dia você está fazendo as coisas acontecerem do seu jeito, no outro se vê tendo que influenciar um grupo de pessoas a chegar aos resultados desejados. Confesso que é desafiador se acostumar com as coisas sendo feitas do “jeito dos outros”, mas é um passo importante para quem lidera.
Desafio que precisa ser superado bem cedo em estruturas que crescem rapidamente, cenário comum para muitas startups.
A parte boa é que tudo se aprende, basta querer.
O objetivo com este texto é chamar sua atenção para um perfil tóxico de líder, aquele que age como um GPS, dando coordenada a cada passo dado pelo time. Ninguém merece.
Uma coisa é influenciar o caminho a ser seguido, dar algumas coordenadas e garantir que as pessoas estejam com a visão certa em mente. Outra, bem diferente, é ficar empurrando o time. No fim do dia, isso sufoca e desengaja.
A base da liderança é a confiança, que atrai gente boa, que por sua vez, entrega o que precisa.
Para não ser um Líder GPS, é importante saber dar a direção de forma clara e objetiva para o time, ou seja, para “onde” as coisas devem caminhar, e deixar que o “como” seja fruto da criatividade e a inovação das pessoas.
Em vez de ser um GPS que indica passo a passo o caminho a ser seguido, os líderes que mais admiro agem como bússolas, apontando a direção certa e permitindo que as pessoas encontrem o seu próprio caminho para chegar onde se deseja.
Outro ponto importante é permitir que o time cresça também em autonomia. Para isso, é essencial saber delegar responsabilidades e incentivar que certas decisões sejam tomadas sem medo. Nenhuma árvore cresce na sombra de outra, logo para enxergar crescimento, é preciso dar espaço para as pessoas desempenharem seus papéis.
Ok, dar autonomia nem sempre é fácil, mas tem solução — tema que pretendo abordar em breve por aqui, prometo.
Para fechar o raciocínio, vale deixar claro que em todos os lugares existem pessoas que precisam de desenvolvimento. Não é só no seu time que as pessoas apresentam limitações.
Portanto, esteja atento para identificar os gargalos e apoiar no aperfeiçoamento de habilidades técnicas (hard skills) e comportamentais (soft skills). Essa é, sem dúvida, umas das melhores contribuições de um líder.
Líderes de verdade, antes de mais nada, sabem servir. Todos ganham!
🔥 Bora para a resenha da semana?
As tais sinergias
Muito se fala sobre as sinergias quando avalia-se um a fusão ou aquisição (M&A). A grande sacada é que a partir de junção de dois negócios, os resultados sejam maiores do que a simples soma das suas operações individualmente. Também conhecido como 1 + 1 > 2.
Quanto mais sinergias a compradora e a adquirida tiverem, mais positivo tende a ser o impacto da transação. Alguns exemplos de sinergias:
Operacionais: quando é possível reduzir custos com o ganho de escala.
Financeiras: quando o custo de capital pode ser otimizado.
Estratégicas: acesso a novos produtos ou mercados.
Separei um programa que assisti recentemente que traz o caso da Bionexo, com exemplos de como a companhia está agindo para trabalhar as sinergias após as sete aquisições que fez nos últimos anos.
Para quem almeja (um dia) vender seu negócio, vale muito conhecer como os compradores pensam e como funciona o dia a dia após o contrato assinado.
Abril de poucos investimentos
Em abril, o volume de captações feitas por startups da América Latina cresceu 78% em relação a março, porém ainda é praticamente a metade do que foi registrado em abril de 2022.
Uma notícia positiva no cenário de investimentos, mas ainda não o suficiente para gerar qualquer expectativa de que o pior já passou.
Olhando apenas para o Brasil o volume de abril foi 72% menor, comparando ano contra ano.
Em se tratando de M&A, no mês de abril deste ano foram fechados 41% menos negócios em relação ao ano passado. Os três segmentos onde mais ocorreram M&A foram fintechs, management e sales tech.
Sem grandes mudanças, vida que segue.
Para ler com calma…
Esse artigo “Specialized Software Will Win in the Age of Generative AI (em inglês)“ traz uma leitura interessante sobre o papel dos softwares de nicho especializados em seus segmentos de indústria, traçando um paralelo do momento atual com a transformação vivida pós anos 2000 através da explosão dos softwares em nuvem e o protagonismo de muitos players que surgiram naquela época com abordagens “mais nichadas”.
A visão de futuro aponta para além do que estamos observando nas soluções baseadas em AI, que tem surgido aos montes, todos os dias. Sem dúvida, tem muita euforia aí. Só no primeiro trimestre de 2023, mais de US$ 1,7 bilhão foi investido em 46 startups com soluções de Generative AI ao redor do mundo.
A conclusão é que novamente veremos a relevância dos softwares mais especializados no que se refere à geração de valor para os negócios. E, por que não, no surgimento dos novos líderes de mercado.
Leitura recomendada para quem está curioso sobre generative AI e como isso impactará o futuro da indústria do software.
🔮 “Aspas” do GrandFounder
"O papel do líder é reconhecer que sua equipe é composta por indivíduos únicos com habilidades e talentos exclusivos e trabalhar para alavancá-los."
— Drew Houston, co-fundador e CEO do Dropbox.
Com o compromisso de liderar como facilitadores (não controladores), para que as pessoas sejam capazes de construirem a melhor versão de si mesmas, fechamos assim mais uma edição de The GrandFounder.
Obrigado pela companhia, mais uma vez.
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Abração!