[The GrandFounder #74] A arte de tomar decisões difíceis
Como lidar com a inevitável (e dura) tarefa de tomar decisões difíceis, o fechamento de capital de uma gigante e o movimento pouco comum da adquirida que vai incorporar a compradora. Grandes decisões!
Encarando decisões difíceis com racionalidade (e um pouco de emoção)
— 🎩 Um conteúdo da minha série autoral sobre a vida de founder: Do ZERO ao EXIT.
Como líderes precisamos tomar decisões difíceis regularmente. Não tem como fugir disso. É algo complexo na sua essência e que carrega consigo muitas outras questões que pesam no dia a dia de qualquer pessoa na liderança.
Isso não vale apenas para quem está nas posições mais altas da hierarquia das empresas, cabe também para quem está à frente de uma área/time. Sei que pode ser este o seu caso, por isso gosto de escrever pensando na liderança como um todo… dos níveis mais estratégicos aos mais próximos da operação.
Tem gente que não gosta do termo intraempreendedor. Já ouvi isso e discordo completamente.
Dentro de grandes empresas, sempre tem um bocado de gente boa com espírito empreendedor. Como tenho dito há muito tempo: ninguém precisa de um CNPJ para ser considerado empreendedor. Depende muito mais de atitude do que de qualquer outra coisa.
O que nos incomoda de verdade quando nos vemos diante de certas decisões é a incerteza…
Que está ligada ao medo de falhar…
Que está ligado ao medo das críticas… e por aí vai.
Quero trazer a você alguns conselhos baseados na minha própria vivência na liderança, que começou como “alguém cuidando do produto” lá nos dias iniciais da Hiper, passando (conforme o crescimento da empresa) por todo tipo de evolução que você possa imaginar, até uns bons anos na posição de CEO.
Em primeiro lugar, lembre que é impossível ter todas as respostas. Muito menos conseguimos prever o que vem pela frente com muita precisão. Logo, aceite que a incerteza é algo que faz, e sempre fará, parte da sua vida como líder.
Você jamais eliminará a incerteza. No limite, conseguirá minimizá-la.
Como?
Leia constantemente para aumentar seu repertório. O efeito composto da leitura é tão transformador quanto o efeito dos juros compostos. Emende um livro no outro. (eu estou sempre lendo mais de um livro em paralelo… uma mania minha!)
Busque conselhos com os mais experientes e procure cercar-se de pessoas que já viveram desafios semelhantes aos que você vem enfrentando (ou vai enfrentar).
Fuja da tentação de tomar decisões na pressão por resultados imediatos. Pense em como tal decisão vai afetar sua empresa daqui a um ano? E cinco anos? Pensar no longo prazo te ajuda a analisar de forma mais ampla as situações.
Não se apegue à necessidade de estar sempre certo. É bem provável que você vá errar, talvez várias vezes, antes de acertar. Mantenha-se humilde para assumir os erros e ajustar a rota.
As críticas virão, de uma forma ou de outra, elas virão. Aprenda a blindar-se!
Encare as decisões do dia a dia como oportunidades de crescimento e saiba que, embora estudar é uma demanda eterna, certas coisas só aprendemos fazendo.
Aceite que a incerteza te acompanhará ao longo da jornada, seja disciplinado e pense no longo prazo. Permita-se estar errado e ser alvo dos críticos… mesmo daqueles que nunca fizeram nada.
Não seja tão exigente consigo mesmo, falo isso como um aprendizado meu. Estar na batuta do time/empresa é realmente desafiador, seja nas startups, seja nas grandes companhias.
🔥 Bora para a resenha da semana?
OPA (ao invés de IPO) pela frente
Ao que tudo indica, a Arco Educação voltará a ser uma empresa de capital fechado.
Os fundos General Atlantic e Dragoneer reforçaram a proposta para adquirir todas as ações da Arco que estão em circulação no mercado e, com isso, fechar o capital da companhia.
No final do ano passado, os fundadores da Arco assinaram um acordo de exclusividade com os fundos para negociar o fechamento de capital através de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA).
A proposta inicial foi de US$ 11 por ação, uma queda considerável no valor histórico da companhia.
No IPO (em 2018) as ações da Arco foram vendidas a US$ 17,50.
No primeiro follow-on (em 2019) o preço por ação foi de US$ 43.
Quem comprou no segundo follow-on (em 2020) pagou US$ 44,80.
Após uns bons meses de negociação, os fundos apresentaram agora uma nova proposta de US$ 13 por ação, que deve seguir para próxima fase, com objetivo de negociar os termos definitivos. Ou seja, deve dar negócio.
🎩 DICAS DO GRANDFOUNDER
Existe uma percepção de vitória quando se faz a abertura de capital (IPO). De fato, não é algo tão comum, logo o fato de chegar aonde poucos chegam é visto como sucesso. Ok, é sim uma conquista relevante, o caminho não é fácil e os empreendedores têm seu mérito.
Por outro lado, é importante compreender que IPO é uma forma de capitalizar a empresa e nem sempre os empreendedores colocam dinheiro no bolso. Normalmente são os investidores que vendem sua participação (total ou parcial).
Uma vez que uma empresa abre seu capital, precisa passar a prestar contas para o mercado e adotar um nível de governança bastante rigoroso. Fechar o capital pode ser benéfico (e até mesmo estratégico) pelo fato de não precisar abrir a caixa preta dos movimentos internos da companhia. Um pouco mais de #paz.
iFood tá com tudo!
O iFood passou a fazer parte da holding da Movile em 2013 quando recebeu um aporte de US$ 2,5 milhões. No ano seguinte, a Movile tornou-se acionista majoritária após um novo aporte, e no ano passado passou a deter 100% do capital do iFood.
O que acontece agora é que as posições se invertem, ao anunciarem para o mercado que a Movile vai ser incorporada ao iFood. Pode soar estranho, mas é isso mesmo, a “empresa mãe” será absorvida pela “filha”.
O grande motivador do movimento é a busca por melhorar a eficiência operacional do grupo Movile, que tem quase uma dezena de empresas no seu portfólio. Com a incorporação, vai ser possível enxugar a máquina operacional, eliminando redundâncias, inclusive com a possível venda de alguns ativos do ecossistema da Movile.
🎩 DICAS DO GRANDFOUNDER
O cenário macroeconômico requer que todos, grandes e pequenos, estejam atentos aos rumos do negócio, otimizem suas estruturas operacionais ao máximo e procurem eficiência financeira. Estamos todos sob a mesma tempestade, mas em barcos diferentes.
Não devemos olhar com pessimismo para momentos como o que vivemos no Brasil. Quando foi fácil? Algo que fica como aprendizado dessa fase, sem dúvida, é a importância de olhar para o core business e fazer o básico bem-feito, ou seja, alocar “bem” os recursos, o que eu chamo de dinheiro que gera dinheiro.
🔮 “Aspas” do GrandFounder
"O fracasso é simplesmente a oportunidade de começar de novo, desta vez de forma mais inteligente."
— Henry Ford
Obrigado por ler mais uma edição de The GrandFounder. Lembre-se de que decisões erradas são apenas oportunidades para aprender e crescer. Mantenha a mente aberta e siga em frente com determinação.
E por falar em decisões… que tal compartilhar a edição de hoje com aquele(a) amigo(a). Decisão fácil essa, que custa zero, mas vale muito! 😎
Abração!