[The GrandFounder #66] Pó de mico na turma do “sempre foi assim”
A tentação da zona de conforto (e como fugir dela), inverno nas captações de investimento terá um lado positivo para as startups, o chacoalhão do Benchimol na turma da XP e a semana recheada de M&A's
🐌 Não dê espaço para a turma do “sempre foi assim”
Esta é a lição número #66 de Do ZERO ao EXIT em 100 lições, uma série de conteúdo autoral criada por mim com o objetivo de compartilhar as lições aprendidas vivenciando os desafios da minha jornada empreendedora na Hiper, do nascimento à venda da empresa.
Pense naquelas pessoas que fizeram algo grandioso.
Pense em quem você admira pela história de vida.
Pense nas suas referências, quem te inspira.
Talvez eu não conheça boa parte da lista, talvez tenhamos nomes em comum.
Mas se tem algo que eu posso afirmar sem medo de errar é o seguinte: essas pessoas fizeram o que fizeram a partir de muito trabalho duro, disciplina e… sabe o que mais?
Inquietação!
Definitivamente, a zona de conforto não é o lugar onde as grandes coisas acontecem, mas infelizmente é um caminho comum para todos nós. Sim, não relute em aceitar. É algo natural do ser humano buscar a rotina, a comodidade… enfim, acomodar-se confortavelmente no seu espaço.
Somos programados a resistir às mudanças. O porquê eu não tenho muita base intelectual para querer explicar. Mas observando o comportamento de muita gente com quem trabalhei, liderei, contratei (e demiti) é isso que eu concluo.
Acomodação é um movimento natural para nós. Quem não sonha em deitar numa grande piscina de gelatina e ficar por ali “só de boas”?
Nada contra em dar uma desconectada, muito pelo contrário. Não somos máquinas, logo precisamos esvaziar a cabeça e descansar a mente com frequência.
O que eu quero trazer nesse texto é o ingrediente que mais gera em mim admiração pelas pessoas que têm um propósito em suas vidas: a inquietação em fazer as coisas acontecerem. E para chegar lá elas adotam uma postura de melhorar sempre.
Quando achamos que as coisas estão boas o suficiente paramos de melhorar. E quando paramos de melhorar, automaticamente começamos a andar para trás. No trabalho, na família e na vida.
Assuma para você que sempre existe um jeito melhor de fazer as coisas. Quem sabe mais simples, mais rápido, mais barato… Um jeito mais eficiente.
Só que para chegar nesses aperfeiçoamentos precisamos abrir mão da zona de conforto e do discurso “de que as coisas sempre foram assim, mexer pra quê?”
Quem nunca, não é mesmo? Você sabe do que estou falando…
Na Hiper tínhamos um comportamento super incentivado: rever constantemente a forma como as coisas eram feitas. Incentivado, pois já entendemos que não é tão natural. Isso estava descrito num dos valores do código de cultura (“Ser simples e enxuto”).
Para ser simples e enxuto é preciso remover a todo momento a complexidade do caminho. As coisas nascem simples e vão se tornando complexas com o tempo. Nós somos os grandes responsáveis, pois de puxadinho em puxadinho vamos complicando o negócio.
Um copo de água suja ainda contém água pura. Para trazer a pureza de volta é preciso eliminar a sujeira, e o mesmo vale para nossas empresas, nossos times, nossos hábitos.
Onde foi que você parou de evoluir por achar que está bom o suficiente?
Será que não houve uma desconexão com aquilo que faz a empresa (e você) vencer no longo prazo?
O melhor dia para botar para fazer foi ontem. O segundo melhor é hoje.
Levante, reuna a tropa e fuego!!!
🔥 Bora para a resenha da semana?
Menos captação = mais eficiência?
O impacto negativo no volume de captações feitas por startups impressiona. O mês de fevereiro encerrou com o segundo menor volume de captações desde 2014.
Quando comparamos fevereiro de 2023 com o mesmo período do ano anterior observamos que o montante total de recursos levantados por startups caiu espantosos 87%, com apenas 19 deals contra mais de 300 de fevereiro de 2022, sendo 11 rodadas em early stage (anjo, pre-seed e seed).
A grande influência é a escassez de recursos direcionados a investimentos em startups, por conta do cenário macroeconômico brasileiro e mundial, algo cuja inflexão ainda é difícil de prever.
Acendeu uma luz vermelha no cockpit de muitos founders, uma vez que não dá para dormir tranquilo enquanto captar investimento for uma das demandas estratégicas para os próximos trimestres, o que tem forçado muitos empreendedores a cortarem custos e buscarem opções alternativas para capital, bem como adotarem o M&A como alternativa.
Uma das minhas grandes apostas é que esse período de maior austeridade (ou seria sobriedade?) no venture capital vai ter um reflexo positivo: veremos novas safras de startups mais eficientes.
👊🏼 Make startups startups again!
Back to the basics!
Antes do carnaval a turma da XP levou um chacoalhão de ninguém menos que o fundador da companhia. Todos os funcionários receberam um e-mail assinado por Guilherme Benchimol. A íntegra da mensagem você pode conferir aqui.
Em suma, o chefão pediu para o time voltar a focar no que sempre foi essencial para o negócio deles… e que diga-se de passagem é essencial para qualquer negócio: entregar valor para os clientes.
Ok, super válido… mas me permita um pitaco.
Será que a resposta que o Benchimol (e muitas vezes, nós mesmos) está procurando não está dentro de casa? Como estão os incentivos do time de vendas e relacionamento com os clientes? As metas conversam com a real entrega de valor para o cliente?
O problema nasce quando desalinhamos os incentivos do pessoal interno com o comprovado sucesso do nosso cliente.
Já parou para pensar se aí dentro da sua startup as coisas não estão desconectadas?
Se o sucesso do cliente vem em primeiro lugar, isso deve estar refletido na remuneração variável, nos planos de crescimento, na priorização dos projetos, na agenda da liderança, e por aí vai.
A grande realidade é que o pessoal vai se acomodando conforme as coisas vão dando certo e se desviam daquilo que faziam lá no comecinho, quando a preocupação era uma só: fazer dar certo.
É fácil perder a mão… e embora preferimos acreditar que ninguém quer fazer seu trabalho mal feito, ainda tem um velho ditado que predomina: “Diga como me medes, que te direi como vou agir”.
Semana que rendeu em M&A
Os últimos dias foram movimentados no universo do M&A. Teve bastante contrato assinado, PIX na conta e “day after” começando a ser escrito!
Dentre as compradoras, podemos notar a presença forte de um perfil pouco comum até outro dia, as startups capitalizadas. Um destaque é a Arquivei, que fez a sua primeira aquisição após captar R$ 260 milhões em 2021, além da Gupy que está na sua terceira aquisição depois de levantar R$ 500 milhões em 2022.
Seguimos acompanhando a movimentação de M&A por aqui… esse ano promete!
🔮 “Aspas” do GrandFounder
“Se você não quer ser substituído por um robô, não seja um robô”.
Com a mente confiante que é do básico bem feito que nascem as grandes conquistas, encerramos mais uma edição de The GrandFounder. Valeu pela companhia mais uma vez!
Compartilhe com a turma aí… custa zero e vale muito 😉
Até semana que vem, abração!