[The GrandFounder #64] De casa ou do escritório - a discussão continua
Trabalhar de casa, voltar ao presencial ou estar pelo escritório de tempos em tempos ainda divide opiniões, as startups que crescem mais no escritório e inside the deal entre Celcoin e Finansystech
💻 Como adaptamos a rotina da Hiper para trabalhar de qualquer lugar
Esta é a lição número #64 de Do ZERO ao EXIT em 100 lições, uma série de conteúdo autoral criada por mim com o objetivo de compartilhar as lições aprendidas vivenciando os desafios da minha jornada empreendedora na Hiper, do nascimento à venda da empresa.
Ainda me lembro bem daquele 17 de março de 2020.
Certos acontecimentos marcam!
Eu havia convocado uma reunião geral, com todo o time da Hiper para apresentar nosso plano de ação diante da intensificação da pandemia da COVID-19 que havia recém chegado ao Brasil.
Frente a frente com o nosso pessoal, dei a notícia de que no fim do dia nós colocaríamos o escritório na mochila e no dia seguinte a operação da Hiper passaria a ser executada das nossas casas, com mais proteção… e talvez #paz.
Porém, algo que era para ser apenas momentâneo se estendeu por longos meses e nos forçou a repensar muita coisa. Inclusive a forma como iríamos seguir trabalhando.
A nosso gosto ou não, experimentamos tocar nossos dias de forma remota, mudamos o jeito de fazer as coisas e, enquanto muita gente que morava por perto decidiu migrar para outros locais, contratamos pessoas que vivam à distância.
Organicamente, um novo jeito de trabalhar surgia.
No fim das contas, a pandemia mudou para sempre a forma de trabalharmos. Foi sim um ponto de inflexão, não há por que questionar isso.
Em 2021 nós decidimos oficializar um novo formato de trabalho, batizado de “Hiper de Qualquer Lugar”. A premissa: trabalhe de qualquer lugar, inclusive do escritório, se assim for mais conveniente (ou necessário).
Por um lado, passamos a ter acesso à gente boa em qualquer canto do mundo. Contudo, tivemos que adaptar muita coisa. Dos processos e ferramentas às rotinas. Gerenciar a empresa naquele novo contexto era muito diferente.
Com toda certeza, foi fundamental termos uma cultura bem presente, mas que também precisou de aperfeiçoamento, principalmente nos rituais.
Muita coisa não funcionou de primeira. De experimento em experimento, fomos testando e ajustando até encaixar. Talvez hoje ainda tenha uma série de pontos a lapidar.
Como tudo na vida, sempre há prós e contras. No fim do dia, o que interessa de verdade é encontrar uma forma de jogar seu jogo. Fique com aquilo que funcionar melhor para você e para o seu negócio.
O que nunca sai de moda é faturamento crescente, margens saudáveis e clientes satisfeitos… esse devia ser o centro das discussões. O formato de trabalho é “meio” e não “fim”.
É assim que vai ser? Voltaremos ao presencial? Vai ser 100% remoto para sempre?
Olha, num mundo onde todos têm opinião para qualquer assunto, e boa parte opina sem sequer dedicar nem 30 minutos para estudar a respeito, eu é que não me atrevo a ficar profetizando. Deixo para quem vive disso e me alimento do conhecimento gerado para tomar minhas decisões.
A nós empreendedores cabe mergulhar em novos jeitos de trabalhar, fazer gestão e desenvolver a cultura para encarar esses novos tempos em que vivemos, uma vez que 100% presencial será cada vez menos a realidade.
🔥 Bora para a resenha da semana?
Trabalhar no escritório = crescimento 3,5x maior?
Um post recente do Steve Blank, um dos nomes mais respeitados da era da startups foi motivo de muita discussão (e polêmica) nos últimos dias. Pelo título você vai entender o motivo: Startups com funcionários no escritório crescem 3,5x mais rápido.
A conclusão veio de um estudo feito por James Kim da Reach Capital, uma firma de investimentos, a partir de dados fornecidos pelas suas 37 startups investidas. Ao cruzar o crescimento do faturamento em 2022 e o modelo de trabalho adotado, chegou-se ao seguinte resultado.
Startups em estágios de pre-seed e seed que adotam algum tipo de trabalho presencial (mesmo que parcial) cresceram 231% versus 67% daquelas totalmente remotas. Ok mr. Kim, valeu pelo estudo. Mas vamos com calma!
Numa amostra de apenas 37 startups (grande parte edtechs), não há massa de dados suficiente para conclusões muito amplas. Além do mais, não é só o modelo de trabalho que pode ter influenciado o crescimento de receita, concorda?
Embora eu tenha algumas exclamações sobre o estudo, não quero de forma alguma apontar como algo a ser desprezado. O meu receio é que as pessoas leiam apenas o título do post e assumam isso como toda a verdade.
O que mais soou relevante para mim é o padrão entre [estágio da startup] + [modelo de trabalho] + [resultados]. Startups em estágios mais iniciais vivem seus dias na busca por validar o modelo de negócio e fazer o produto certo para seu mercado. Logo, enfrentarão mais complexidade para fazer as coisas acontecerem distantes do escritório. Já as startups mais maduras vivem rotinas diferentes, mais compatíveis com trabalho à distância.
Não que seja regra, e complexo não significa impossível.
Modelo de trabalho tem sido tema recorrente na mente de muitos empreendedores. Dentro do contexto do debate “Home vs Office” ainda temos observado as discussões sobre a Semana de 4 Dias e diversas empresas forçando a barra para a turma voltar para os escritórios.
Na dúvida entre certo e errado, experimente.
Inside The Deal #6 | Celcoin + Finansystech
A Celcoin volta às compras após captar R$ 140 milhões em duas rodadas realizadas em 2021 e 2022. A tese da companhia é ser uma caixa de ferramentas para players financeiros e bancários.
A cartada da vez, com a aquisição da Finansystech, é avançar ainda mais no campo de open finance, tendência forte para o ano de 2023.
#InsideTheDeal - um raio-x da transação:
Um dos motivos fortes para a transação foi a ampliação que as soluções da Finansystech trazem na oferta de infraestrutura de open finance da Celcoin.
A Finansystech possui mais de 40 clientes, sendo que 70% deles utilizam outros serviços da Celcoin.
O valor da transação é R$ 85 milhões, mas o pagamento inicial foi de apenas R$ 15 milhões.
O valor restante ficou para ser ser pago em dinheiro e/ou ações atrelado a metas dos próximos dois anos, prática conhecida como earn-out.
O cálculo do valor restante será dado por um múltiplo (não revelado) da receita dos próximos dois anos e há a possibilidade do valor total extrapolar os R$ 85 milhões, a depender do resultado das metas.
A adquirida será incorporada, o fundador da Finansystech assume a frente de open finance da Celcoin e os 35 funcionários passam a fazer parte da compradora.
A marca da Finansystech será mantida, uma vez que possui um bom posicionamento com o seu público.
Um highlight interessante por trás da transação é que as empresas atuavam em parceria desde 2022. Esse é um gatilho bastante estratégico para quem planeja o M&A: estabelecer relacionamento com o provável comprador. Fica a dica!
🔮 “Aspas” do GrandFounder
“Não há segredos para o sucesso. É o resultado de preparo, trabalho duro e aprendizados com o fracasso.”
— Colin Powell
Em busca de #paz entre quem é do #TeamHome e #TeamOffice encerramos essa edição de The GrandFounder. Deixamos as preferências de lado e seguimos todos fechados com o sucesso.
Mas, antes… conto com você para compartilhar aí com o seu pessoal! 🤝
Abração!