[The GrandFounder #63] De crise em crise seguimos em frente
Como lidar com as crises do dia a dia e ser um líder melhor a partir delas, o RH no palco das transações de fusões e aquisições e a profecia da extinção em massa de startups
⛈️ Como as crises do dia a dia me ensinaram a ser um líder melhor
Esta é a lição número #63 de Do ZERO ao EXIT em 100 lições, uma série de conteúdo autoral criada por mim com o objetivo de compartilhar as lições aprendidas vivenciando os desafios da minha jornada empreendedora na Hiper, do nascimento à venda da empresa.
De tempos em tempos você vai lidar com uma crise dentro da sua empresa. Quando tudo parece ir bem, o chão abre bem na sua frente e dali surge algum monstro que estava dormente, esperando a hora apropriada para sair da toca.
Há quem diga que não se deve desperdiçar uma boa crise. Mas a real é que ninguém gosta de ser lançado em meio à tempestade.
Por vezes, parece até injusto. Principalmente se você está cuidando da operação, dando o seu melhor. É fato, mas ninguém falou que empreender era para ser um jogo de justiça. Está mais para um exercício diário de sobrevivência e evolução do que qualquer outra coisa.
Eu precisei de um bom tempo para entender que as crises fazem parte. Principalmente as internas. Mas aprendi também que assim como a paz não vai durar para sempre, todo problema tem solução.
O lado bom das crises é que elas ensinam… até mesmo quando não queremos aprender, elas ensinam.
Já falei em outro momento que o sucesso não é um bom professor. Talvez seja porque aprendemos e evoluímos quando somos provocados a sair da zona de conforto, olhar para o lado, descobrir outros caminhos.
Certas decisões só saem do papel se forem arrancadas de lá… Quanta capacidade de reinvenção vimos durante os anos recentes da pandemia, não é mesmo?
Um episódio que me marcou demais teve a ver com uma crise interna que vivemos. Com 5 anos de história decidimos lançar uma nova geração dos produtos da Hiper e tínhamos a missão de fazer o substituto do produto que tinha feito a empresa sair do zero e chegar até aquele ponto.
Foi preciso trabalhar muito, lidar com a incerteza, opiniões negativas, problemas com clientes. Teve gente que falou que estávamos loucos em fazer aquilo, que a empresa iria quebrar. Foi realmente difícil fazer aquela transição, mas fizemos.
São nas horas difíceis que os líderes mostram seu valor. As pessoas entendem a gravidade das coisas, mas precisam de alguém em quem confiar. Sem uma direção clara, o time recua, se esconde no canto da sala, abraça os joelhos e chora.
Portanto, como líderes precisamos ouvir, mas principalmente formar opinião sobre toda e qualquer situação que requeira um direcionamento. E mais, propagar a mensagem até que estejam todos alinhados sobre o jogo a ser jogado.
Sem medo de estar errado.
Sem medo das críticas.
Sem medo.
Eu sei que não é simples, mas quando estamos na liderança estamos expostos a todo tipo de pedrada. Afinal, somos vidraça.
Contudo, esse é o papel do líder, assumir as rédeas, mostrar o caminho e conduzir a tropa.
E se couber um último conselho, seja você a força que o time precisa nas horas difíceis. Grandes guerreiros sorriem em frente às tropas e choram nos seus aposentos.
🔥 Bora para a resenha da semana?
RH no palco das aquisições
Na semana passada saiu uma matéria super rica de insights feita pela turma da Caju abordando a relação do RH com o movimento de aquisição de uma empresa.
Eu fui um dos entrevistados, fiquei super feliz em contribuir com o tema que há muito tempo me inspira.
A questão central é a fundamental atuação do RH durante e, principalmente no “dia seguinte” à uma transação de M&A.
Não é por menos, uma aquisição traz consigo um time envolto numa cultura que, na maioria das vezes, tem pontos que não dão match de imediato. Quer uns exemplos?
Como ficam os cargos, salários e benefícios quando ocorrer a junção dos times?
Quem responde para quem no dia seguinte? Mudanças na hierarquia incomodam muita gente.
Quem são as pessoas-chave para um cuidado extra quanto à retenção?
Como evitar mudanças radicais na cultura da empresa adquirida?
Como comunicar e evitar que as pessoas pensem que o sonho acabou?
Isso sem citar todo um trabalho de organização da casa que deve ser feito antes da transação acontecer, que envolve questões legais, governança, PJ vs CLT e afins.
É preciso flexibilidade e mente aberta para viver a transformação.
A nova fase sempre vai requerer adaptação, de ambos os lados.
Profecia da extinção em massa de startups
Um post recente de Tom Loverro no seu perfil do Twitter causou euforia.
Só aqui, nos últimos dias, eu devo ter recebido em uma meia dúzia de grupos de empreendedorismo. Não à toa, o tweet viralizou. Isso só prova que o povo gosta de um profeta do apocalipse… vai entender 🤷🏼♂️.
Bom… é isso, vamos entender!
Loverro trouxe dentre suas previsões o fato de que muitas startups vão quebrar simplesmente pelo fato de que não vão conseguir levantar grana para sustentar a operação. Acrescentou ainda que aquelas que conseguirem levantar rodadas de investimento farão a um valuation muitas vezes inferior ao que captaram anos atrás.
Até esse ponto, não há por que discordar.
Da mesma forma, não vejo nada de tão surpreendente. O mercado de investimentos está mais seletivo nos dias atuais. E não é de hoje.
Dor de cabeça das grandes para os negócios “mais ou menos”. Já para os bons negócios, esse cenário mais desafiador vai forçar que acabem cedendo em certos termos (inclusive no valuation) para conseguirem o combustível financeiro para executarem seus planos.
Menos profecia e mais papo reto, por favor!
Eu quero acrescentar apenas uns pontos nessa conversa.
Se as projeções financeiras do seu negócio levam para um cenário onde a necessidade de capital é grande e desencontrada com a possibilidade de levantar os recursos, é hora de rever.
A saída provavelmente está em fazer o básico bem feito, igual àquela época onde você conseguiu os primeiros saltos de crescimento simplesmente por atender bem às necessidades dos clientes. Já pensou sobre o que mudou de lá para cá?
Considere cortar gastos que não sejam vitais, parar de fazer coisas que corroem as margens, engavetar projetos que vão precisar de muito dinheiro para serem lançados ou que vão demorar para trazer dinheiro para o caixa, diminuir o tamanho da empresa.
Talvez você nem precise de dinheiro ou precise de uma fração do montante que achava necessário. Alem disso, há outras formas de levantar dinheiro. Venture capital não é a única alternativa.
Quando o vento muda de direção, empreendedores reposicionam as velas… não xingam o vento.
Não tem ciência de foguete. Muitas dessas coisas só requerem coragem para encarar o bicho de frente e lidar com a vaidade.
Tem horas que fazer dar certo é a única opção.
🔮 “Aspas” do GrandFounder
“O melhor que os fundadores podem fazer é cortar coisas pouco úteis. É muito mais fácil acatar novas coisas do que deixar de fazê-las. Se você diz sim para algo, você na verdade diz não para todas as outras coisas que você poderia fazer com aquele período de tempo.”
— Tobi Lütke, CEO e founder Shopify
Em ritmo de menos é mais, chegamos ao final desta edição de The GrandFounder.
Obrigado por ler até aqui e até semana que vem!
Não se vá sem antes compartilhar, ok?
Abração!