[The GrandFounder #59] Cuide com o sucesso, ele é um mau professor
Um texto autoral em Do ZERO ao EXIT sobre os perigos do sucesso, IPO de brazuca na gringa, fusão de startups de viagens e o buraco sem fim das Americanas.
🎓 Cuide com o sucesso, ele é um mau professor
Esta é a lição número #59 de Do ZERO ao EXIT em 100 lições, uma série de conteúdo autoral criada por mim com o objetivo de compartilhar as lições aprendidas vivenciando os desafios da minha jornada empreendedora na Hiper, do nascimento à venda da empresa.
O sucesso é bem-vindo, tem passe livre para entrar aqui em casa (e tenho certeza que aí não é diferente). Tem alguma alma viva que não aprecia o gostinho de ver as coisas dando certo?
O sucesso pode ser sinônimo de felicidade, prazer, autorrealização, grana no bolso, prosperidade, vitória, e por aí vai… a lista é longa e cheia de atributos positivos.
Mas tem algo que nem sempre falam sobre o tão desejado sucesso.
— Gosto de usar “tão desejado” quando falo de sucesso. É um vício meu…
Sabe o que é? O sucesso é um mau professor. É uma verdade inconveniente, mas infelizmente para mestre da vida o sucesso não serve!
Os bons resultados tendem a nos levar para a perigosa zona de conforto, vamos nos acostumando com tudo aquilo que citei acima que vem a ser fruto do sucesso e, conforme as coisas vão dando certo, começamos a transitar numa camada onde enxerga-se a vida com a ilusão de que nos tornamos menos suscetíveis ao fracasso.
Só que na real, ninguém é invencível.
Navegue um pouco nos seus pensamentos e responda:
Quantos empreendedores (e suas empresas) atingiram a posição de TOP 1 em seus mercados e simplesmente afundaram?
Quantos atletas de elite sucumbiram após chegarem ao topo dos rankings?
Quanta gente do bem que você conhece seguia uma rota de ascensão na carreira e, de repente, parou de brilhar?
Falta de sorte? Autossabotagem? Puxada de tapete? Que nada…
O fato é que você joga tão bem quanto treina, portanto nunca pare de treinar. Simplesmente não pare, jamais deixe de estar faminto por aprender, praticar e questionar o caminho que te trouxe até aqui, pois talvez não seja ele que te levará para onde você almeja.
Digo mais, não é porque as coisas sempre foram da forma que são, que elas continuarão sendo. O mundo muda num piscar de olhos.
A partir do momento em que nos acomodamos, facilmente tiramos o olho da bola e sem mais nem menos somos engolidos.
Mas por que nos acomodamos?
A minha visão sobre esse assunto é simples: temos medo de falhar e perder o escudo de vencedores.
É como se a vida nos desse um cinturão de bem-sucedidos quando temos êxito em algo e ao invés de seguir no jogo, tomando risco (inclusive de perder o tal cinturão), simplesmente nos encolhemos e buscamos refúgio na sombra.
O medo de falhar nos torna menos inovadores, ousados, humildes.
O medo paralisa. O ego idem.
Portanto, encerro minha reflexão sobre esse grande aprendizado da minha vida empreendedora com um convite para que vigiemos para sempre nosso ego e que possamos aprender a duelar com bravura contra o medo da exposição.
O sucesso está nas coisas simples… longe dos holofotes e da vida paralela (e quase sempre fantasiosa) que enxergamos no mundo digital.
O sucesso é sim um bom amigo, traz liberdade e paz, mas infelizmente carrega esse instinto de ser um mau professor. É o que é, paciência!
🔥 Bora para a resenha?
Tem IPO de brazuca no radar
O ano começou quente para quem estava na expectativa por ouvir falar em novas estreias na bolsa de valores. A brasileira Nuvini e a americana Mercato Partners decidiram fazer uma fusão que levará a startup brasileira à Nasdaq.
O negócio envolve a SPAC Mercato Partners Acquisition Corp que levantou US$ 239 milhões na época da sua oferta pública e tinha 24 meses para achar uma empresa para adquirir.
Para quem não é muito familiarizado com o funcionamento de uma SPAC (Special Purpose Acquisition Company), vale uma breve explicação.
Como a sigla sugere, é uma companhia criada para ir à mercado em busca de uma empresa para fusão e, antes de mais nada, seu primeiro movimento é captar (via oferta pública) uma quantia de dinheiro que será destinada à transação de M&A dentro de uma janela de tempo, normalmente 18 a 24 meses.
Como resultante, a empresa fruto da fusão passa a estar listada em bolsa de valores, até então apenas fora do Brasil.
Em suma, é como se fosse um “IPO via cheque em branco”, pois os investidores aportam o capital antes mesmo de conhecer a empresa que vai operar de fato.
Deu negócio!
Se teve um segmento de mercado que sofreu com a crise sanitária (e depois econômica) foi o de turismo e viagens. No mundo das TravelTechs não teve jogo fácil nem para os grandes players, imagine para os menores.
Eu viajei com o Max Oliveira, o fundador da MaxMilhas, numa missão do StartUp Brasil para Londres em 2014. Foi lá que nos conhecemos e dividimos um quarto do Airbnb junto com outro amigo. Enfim, nos tornamos bons amigos desde então.
A ideia da MaxMilhas é genial. Muito mais genial ainda naquela época, pois questionava o status quo das grandes cias aéreas num momento beeeem diferente do atual.
É isso que te coloca muitas vezes na fronteira do sucesso-fracasso.
Agora, com o anúncio da fusão com a 123milhas, nasce uma nova empresa que vai movimentar R$ 6 bilhões em valor de transações, maior do que a gigante Decolar e metade do que movimenta a CVC.
Tiro meu chapéu para os empreendedores de ambas as empresas que combateram o bom combate com muita resiliência. Sigo na torcida pelos próximos passos dessa história e feliz demais com o movimento.
Vida longa, pessoal!
E as Americanas, hein?
Deu ruim… mas deu ruim de um jeito inacreditável!
Para quem não pescou de primeira, estou falando sobre o rombo de R$ 20 bilhões (BI…lhões) no balanço das Americanas, que até o dia do anúncio da inconsistência (11/01/23) valia pouco mais de R$ 10 bilhões na bolsa brasileira.
Na última quinta-feira (12/01/23), as ações das Americanas (AMER3) chegaram a cair quase 80% no pregão, o que fez o valor da companhia simplesmente derreter. Foi a sexta pior queda diária de um papel na história da Bolsa de Valores brasileira.
O que houve?
Foi identificado pela própria empresa que não estava sendo contabilizado corretamente o montante citado de R$ 20 bi referente a pagamentos que os bancos faziam para os fornecedores, da modalidade chamada de risco sacado, uma forma de antecipação de recebíveis.
Com isso, o balanço das Americanas não reconhecia tal valor como dívida, nem os juros relacionados, o que impacta diretamente nos lucros, não apenas do ano de 2022, mas de anos anteriores.
Nos últimos dias, muito se falou sobre o ocorrido e até especula-se que as Americanas entrem com o pedido de Recuperação Judicial. O caso é grave!
🔴 Se você quer entender melhor o que aconteceu (e o que está por vir) vale assistir a transmissão que o então CEO das Americanas, Sérgio Rial, fez no dia 12.
🔵 Outra manifestação do Sérgio Rial foi feita via post no LinkedIn, onde ele falou sobre lições aprendidas na curta passagem que teve com CEO da companhia.
🔮 Aspas do GrandFounder… só contém verdades
“Founders que têm filhos empreendem no nível HARD. Jamais ignore, muito menos subestime o que estes empreendedores são capazes de fazer.”
— De algum lugar da internet.
Por hoje é só, até semana que vem!
Um abração!