Quando é a hora de largar o emprego e mergulhar de cabeça no seu negócio?
Este é o 5º artigo da série Do ZERO ao EXIT em 100 lições – A saga de empreender uma startup do nascimento à venda, através da qual eu compartilho em 100 artigos as lições aprendidas vivenciando os desafios da minha jornada empreendedora na Hiper, do zero ao exit.
Espero que goste e – mais do que isso – que te ajude a evoluir.
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Vem comigo… 👋🏻
Já no primeiro artigo da série eu quis desconstruir o romantismo que acabou se criando em torno de dar o primeiro passo e tirar sua ideia de negócio do papel. Deixei clara a minha visão sobre o pensamento de “jogar tudo pro alto e viver seu sonho de empreender”.
Se você não leu a lição nº 1, recomendo fazer a leitura antes de seguir.
Pois bem, eis que chega uma hora em que, de fato, você precisa focar 100% do seu tempo no seu negócio. Antes disso, normalmente, os empreendedores vivem uma vida dupla, conciliando o emprego atual e as demandas da sua startup.
O dilema da vida dupla é desconfortável. De um lado, você tem a “segurança” (ou a possibilidade) de contar com uma fonte de receita para tocar a vida adiante. Do outro lado, seu “bebezinho” precisando de muita atenção e exigindo uma dedicação além do comum.
Talvez você até se pegue desviando tempo de outras coisas que até ontem eram mais relevantes para você e direcionando para fazer seu sonho acontecer.
É o que normalmente acontece, você deve conhecer gente que passou por isso. Eu passei por isso. Talvez você esteja passando por isso.
Então, tudo certo! Até deixar de estar…
Se você está vivendo o dilema da vida dupla, saiba que isso é como um relógio em contagem regressiva. A única certeza é que vai zerar e chegar a hora de mergulhar de cabeça. Esse é um momento chave, em que você precisa provar que acredita de verdade e está disposto a encarar o que der e vier, as melhores e as piores coisas que o futuro reserva.
Uma lembrança muito forte para mim, aconteceu no primeiro ano de vida da Hiper. Eu estava chegando em casa (na época morava com meus pais) após um dia super intenso de trabalho. Na verdade, uma sequência de dias super intensos.
Passava da meia noite e não esperava encontrar ninguém acordado. Porém, minha mãe estava lá e me recebeu com uma frase que foi uma grande provação para mim. Eu ouvi algo próximo do seguinte:
“Olha o que você fez da sua vida, meu filho. Você tinha um emprego legal e agora está nessa vida, trabalhando até tarde. Para que tudo isso? Até quando você vai aguentar?”
Até me arrepio ao lembrar! Meus pais sempre foram minha plateia e, com toda certeza, minha mãe estava querendo me proteger, não queria me ver mal.
Entretanto, chega um momento onde, das duas uma: ou você se dedica para valer, ou sai do jogo. Na boa, quem precisa acreditar de verdade é você.
Este episódio me tocou demais e não tenha dúvida que me fez refletir bastante.
Mas eu botei fé!
Particularmente, eu não acredito que uma startup tem as melhores chances de dar certo tendo os fundadores com dedicação em tempo parcial.
Nem eu, nem a maioria absoluta dos investidores. Esqueça conseguir que alguém aporte dinheiro (e confiança) na sua empresa se nem você confia a ponto de se dedicar de corpo e alma à ela.
Pouca gente sabe, mas no início da Hiper nós éramos em 4 fundadores, e um acabou desistindo no primeiro ano. Chegamos ao ponto em que já não era possível conciliar a vida dupla sem prejudicar os resultados da vida de assalariado e da vida de empreendedor.
A operação da Hiper estava exigindo cada vez mais de nós. Era preciso dividir nossos papéis entre vender, atender os clientes, desenvolver o produto e cuidar das pequenas atividades que fazem parte da rotina de uma empresa.
Como o momento de vida daquele sócio não permitiu encaixar os reflexos de empreender, principalmente os financeiros, ele acabou saindo.
Para nós, não fazia sentido contratar pessoas para desempenhar as atividades enquanto os fundadores não estivessem 100% dentro da operação. Aliás, considero isso uma premissa. Antes de mais nada, fundadores focados em tempo integral, para então começar as primeiras contratações.
Você vai começar a notar que a operação ganha corpo e esse é o melhor sinal de que você precisa tomar a decisão de mergulhar de cabeça.
Caso contrário, pode começar a surgir fricção e atrito no desenvolvimento e crescimento do negócio.
Outra coisa que recomendo fortemente, baseando-se na minha própria experiência, é pactuar entre os fundadores que não haverá outros trabalhos por fora. Além de evitar que nada extra desvie a atenção do time de fundadores, você concentra a energia de todos para fazer o negócio acontecer.
Quando “fazer dar certo” é a única opção que existe, você tende a ter a máxima dedicação de todos em busca do objetivo maior. Mas isso é tema para outro artigo!
📷 Foto Chase Clark on Unsplash
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