Como formar um conselho para sua startup e extrair valor dele
Estamos na edição nº 53 da série Do ZERO ao EXIT em 100 lições – A saga de empreender uma startup do nascimento à venda, através da qual eu compartilho em 100 artigos as lições aprendidas vivenciando os desafios da minha jornada empreendedora na Hiper, do zero ao exit.
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Nas lições atuais da série tenho compartilhado aprendizados e ensinamentos sobre #gestão, para quem segura a responsabilidade de conduzir um negócio e vive a realidade de tomar decisões diante de todo tipo de desafio sem poder jogar a toalha.
Vem comigo… 👋🏻
Quando eu menos esperava me vi conduzindo a primeira reunião do Conselho de Administração da Hiper. Isso foi lá por meados de 2016, eu tinha menos de 30 anos, logo após termos transformado a empresa numa Sociedade Anônima (S/A).
Existe uma legislação específica (Lei 6404/76) que regulamenta as empresas S/A no Brasil e que traz algumas diretivas sobre a formatação dos conselhos de administração e fiscal. Embora a lei em questão não exigisse a constituição do conselho nós fizemos por questões de governança pactuadas com os investidores que haviam entrado na nossa rodada de Série A.
Hoje considero que foi muito bom termos feito. Conseguimos fazer bom uso do conselho e foi fundamental em muitos momentos.
Na prática, a rotina de um conselho será bem distinta para uma startup em comparação com as empresas de maior porte ou as de capital aberto, por exemplo. Os dois últimos casos têm uma série de protocolos específicos para seguir.
O que é comum é a definição de um calendário para as reuniões de conselho, onde uma pauta é apresentada, discutida e decisões são tomadas. Em alguns casos, dependendo da governança da empresa, certas decisões somente podem ser tomadas pelo Conselho de Administração, por exemplo.
Como formar um conselho?
Para formar um conselho, você precisará de pelo menos 3 pessoas e é de praxe que seja formado por um número ímpar de integrantes. Normalmente, convidam-se também pessoas de fora da empresa procurando contar com uma visão “de fora da caixa” na mesa.
Na minha visão, um conselho com 5 pessoas é um tamanho legal (tendo 1 ou 2 membros externos). Muita gente pode ser ruim, pois você precisará lidar com uma complexidade maior para conciliar as datas dos encontros, além do que já se conhece sobre os desafios para gestão de grandes grupos no que tange comunicação e outros afins.
Outra dica super valiosa (que nunca é demais reforçar): não abra mão de trazer pessoas alinhadas com os valores do seu negócio. Procure pessoas íntegras, com reputação limpa e que tenham vivência para agregar. Cuidado com os falastrões que nunca fizeram nada de relevante.
O que esperar do conselho?
Isso vai depender muito de você e do momento da empresa.
Pense nos seguintes pontos…
O que você quer com um conselho? Para quais desafios que a empresa está enfrentando você precisa de ajuda? Quais skills e conhecimento precisam ser complementados?
Uma recomendação minha nesse tópico é não perder seu tempo formando um conselho apenas para “cumprir tabela”. Procure montar um grupo com conhecimento, experiência e capacidades que venham a somar no projeto de futuro do negócio. Use o conselho como uma extensão dos gestores para assuntos estratégicos.
Tipos de conselho mais comuns
Conselho de Administração – o conselho de administração é um elo entre os diretores/executivos de uma empresa e os acionistas e funciona como uma instância máxima para orientação e definições estratégicas, onde certos tipos de decisão são exclusivamente deliberadas e para o qual o próprio CEO da empresa reporta.
Conselho Consultivo – o conselho consultivo tem uma atuação mais voltada para orientar e aconselhar os gestores da companhia, o que é muito semelhante ao conselho de administração, entretanto as recomendações podem ou não ser aplicadas, diferentemente de uma deliberação feita pelo conselho administrativo.
Conselho Fiscal – a missão principal do conselho fiscal é fiscalizar os atos da administração, checar se as obrigações e deveres estão sendo cumpridos, analisar/opinar sobre os demonstrativos financeiros entre outras atividades voltadas a um papel de “monitoramento”.
Como remunerar?
Você pode remunerar seus conselheiros com dinheiro, participação societária ou ambos e normalmente aplica-se um valor fixo, sem variável (embora seja possível). É uma negociação livre, semelhante a qualquer contratação que se faça para a empresa.
O valor da remuneração varia bastante do porte da empresa e da carga horária, mas segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) a maioria dos conselheiros de administração (57,6%) e consultivos (61,9%) recebe até R$ 15 mil por mês, porém não é incomum os casos onde a remuneração supera (e muito) esse valor.
Quando formar um conselho?
A primeira pergunta a se fazer para as empresas onde não é obrigatória a estruturação de um conselho é: por que você precisa de um conselho?
Além de ser uma boa prática de governança, eu vejo grande valor no conselho, pois traz experiência e conhecimento complementar para lidar com os desafios da empresa, você conta com o apoio de pessoas mais experientes na tomada de decisões e agrega visões complementares para a estratégia do negócio.
Antes de mais nada, tenha clareza sobre seus anseios e quais contribuições para o negócio o conselho deve trazer. Uma dica final para quem está considerando o assunto: comece com um conselho consultivo e, o mais importante, leve a sério!
📷 Foto Michał Parzuchowski on Unsplash
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